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| Soldanella Alpina |
Lá nas concavidades dos Alpes, todos os anos, Deus opera uma de Suas maravilhas. Formam-se ali poças de neve; seus bordos ficam como que debruados de gelo endurecidos por causa da exposição ao sol do dia e frio da noite; e através daquela crosta de gelo, surgem, preservadas, mimosas flores.
No verão anterior, a pequena soldanella alpina espalhou até longe suas folhas, bem rente ao chão, para beber os raios de sol, e os armazenou em suas raízes durante o inverno. Então veio a primavera e despertou-a, mesmo sob a neve. Ela brotou, e foi-lhe dado calor, em tão estranha medida que derreteu uma pequena abóbada de neve, acima de sua cabeça, formando uma bolsa de ar.
E a plantnha cresceu. E sempre, acima dela, foi subindo a bolsa de ar, até formar o botão, seguro ali dentro. Finalmente o gelo que cobria a bolha de ar cedeu, e a flor encontrou o caminho para o sol. E a textura cristalina de suas pétalas lilases brilha como a própria neve, como se trouxesse em si os traços do caminho por onde passou.
Obra de Deus.
Viver é Perigoso
