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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

CAMARADA



Há séculos que trato amistosamente as pessoas com as quais convivo por "camarada'. Da mesma forma, os amigos se dirigem a mim, sempre utilizando o "camarada".

Outro dia um amigo professor perguntou-me sobre a razão. Expliquei e registro.

Começou como uma provocação e se tornou costume e quase marca registrada, quando do movimento estudantil de 1968 e se firmou definitivamente com a implantação do famigerado Ato Institucional Nº 5.

Verdade que o pessoal tinha um certo temor, ou mesmo medo, de ser "entregue", ou melhor, dedurado como de esquerda, o que era quase um crime, se não.

Mas na realidade, como todos sabem, "camarada" é uma forma de tratamento amistosa e tem o sentido de companheiro, colega ou aliado. Deriva do latim camara (quarto ou alojamento) usado a partir do século XVI para designar grupo de soldados que dormem e comem juntos.

A palavra foi introduzida na língua portuguesa no século XVII, passou a significar, informalmente, companheiro de armas ou simplesmente companheiro.

Na Rússia, após a Revolução de 1917, os comunistas adotaram o a palavra tovarisch (camarada) como forma de tratamento igualitário. Servia para soldado e para general.

O termo camarada, passou a ser amplamente utilizada por militantes de partidos socialistas e movimentos de esquerda, quando foi substituído pelo o emprego do termo 'companheiro, a partir do início dos anos 80, possivelmente por influência da Revolução Cubana.

Todos sabem que de comunista nunca tive nada e os poucos que conheci, nunca me quiseram ao lado. Talvez por medo de relaxar e bagunçar a causa, da mesma forma que jamais fui convidado seguer para uma reunião do Lions, Maçonaria ou Rotary.

Seguimos adiante com o Camarada e com o espírito desagregador, conforme definido por um especialista em Recursos Humanos. 

Viver é Perigoso

INVOLUTION


 Viver é Perigoso

MELANIA TE OLHA DE CIMA


É Melania que domina o horizonte. E isso ficou ainda mais claro com o seu retrato de primeira-dama, tornado público pelo Gabinete da Primeira-Dama na segunda-feira.

A imagem não tinha título, com poucas informações para além da data, da data e da autora, Régine Mahaux, a retratista de confiança da corte Trump. Mas tudo nela exala poder, confiança e frieza. Até as cores, os elementos e a imagem a preto e branco. Está frio na chamada sala oval amarela, cuja cor nunca vemos brilhar.

Traje escuro com uma faixa Dolce&Gabbana, camisa sem gravata, cabelo solto, nem uma única peça de joalharia (porquê adornar a realidade crua), o Obelisco atrás dela, Washington aos seus pés. 

Em cima de uma mesa espelhada (não se trata de uma mesa de trabalho: não há um único papel, lápis ou computador), a Primeira Dama dá a impressão de ser a senhora da cidade e do país, dos destinos daqueles que, invisíveis, seguem o curso das suas vidas por detrás daqueles vidros gelados.

Muita força e muito poder, pouco calor e pouca personalidade, o retrato poderia ter sido feito por Mahaux ou pela IA. Quão diferente dos retratos dos seus antecessores, mesmo do seu, há oito anos. Depois, demorou três meses a prepará-lo, com alguns retoques, mas mais natural, os seus anéis, o seu meio sorriso. 

Aqui, ela só precisou de 24 horas: foi a 21 de janeiro, o dia entre a tomada de posse do marido e o seu 20º aniversário de casamento. Parece que não havia tempo a perder para publicar a fotografia, para gritar com a boca fechada e o cenho ligeiramente franzido: aqui estou eu, por cima da Sala Oval; ele está lá, por baixo, mas aqui quem manda sou eu.

Melania Trump quer que a vejamos servindo, como uma mulher que se expõe como poderosa, executiva, vestida com um terno que até algumas décadas atrás só os homens, aqueles que tinham mais poder, usavam? 

Qual é a narrativa de uma ex-modelo, uma mulher há anos dedicada ao físico, que tem uma manicure absolutamente perfeita, com as unhas a um milímetro da mesa, mas que esqueceu, escondida? Suas alianças de noivado e casamento? O que significa mostrar atrás dela um país que não é o dela, mas no qual ela tem uma influência poderosa, e uma cidade que, pelo que se sabe, ela despreza, sob seus pés? 

Ali, na torre mais alta, como é difícil ver e saber o que a Sra. Trump quer nos dizer.

EL País

Viver é Perigoso

MOÇA BONITA



Tinha programado estar lá. Não foi possível.

Ontem (29), Patti Smith, passou mal durante a sua apresentação no Teatro Cultura Artística em São Paulo. Patti desabou e caiu no chão, onde permaneceu por alguns minutos. Em seguida, foi socorrida por um médico, que estava na plateia, e retirada de cadeira de rodas. 

A performance "Correspondences", realizada com o grupo Soundwalk Collective, foi cancelada.

Um pouco sobre Patti Smith:

Patrícia Lee Smith, simplesmente, Patti Smith, foi o tema de muitas conversas com meu amigo Marquinhos Carvalho, moço bonito de Santa Rita de Caldas, que tomou o barco cm muita antecedência.

Patti Smith, nascida em Chicago em 1946, como todos sabem, é uma poetisa, cantora, fotógrafa, compositora e musicista americana. Ela tornou-se proeminente durante o movimento punk com seu álbum de estréia, Horses em 1975.

Aos 20 anos, sem dinheiro e sem nada, Patti se mandou para Nova York com desejo de ser artista. Morou na rua e passou fome. Encontrou o jovem Robert Mapplethorp nas mesmas condições.

Viveram juntos no famoso Hotel Chelsea, ponto de encontro da chamada contracultura. Trata-se de um mundo que a nossa geração acompanhou de longe, quase sempre com informações distorcidas.

Robert Mapplethorp morreu de AIDS em 1989.

Foi distinguida com o National Book Award em 2010 pelo livro "Just Kids", no Brasil, Só Garotos. Foi um dos bons livros que já li. Um retrato fascinante de Nova York do final dos anos 60 e início dos 70.

Patti está com 78 anos.

Viver é Perigoso