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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

TEMPOS DE CHUMBO


No dia 4 de setembro de 1969, um comando guerrilheiro arrancara o embaixador americano Charles Elbrick do seu automóvel, no Rio de Janeiro, levando-o para um local ignorado.

O embaixador foi libertado após 78 horas em troca da libertação de 15 presos políticos presos pela ditadura militar, exilados no México.

Antes do voo, uma foto foi feita. Nela estão, em pé, Luís Travassos, José Dirceu, José Ibraim, Onofre Pinto, Ricardo Vilasboas Sá Rego, Maria Augusta Carneiro, Ricardo Zarattini, Rolando Fratti, além de, agachados, João Leonardo da Silva Rocha, Agonalto Pacheco da Silva, Vladimir Palmeira, Ivens Marchetti e Flávio Tavares. Apenas Gregorio Bezerra e Mario Roberto Zanconato não apareceram na imagem.

Eles chegaram ao México no dia 7 de setembro de 1969.

Escreveu Frei Beto:

Mergulhei o olhar na foto dos prisioneiros libertados, com olhar absorto, decifrando os rostos cadavéricos, descorados, sofridos, em pose que lembrava um time de várzea derrotado na bola e no braço. Não pareciam combatentes políticos a caminho da liberdade. A tortura os desfigurara. Eram mortos saídos da tumba, retomando amedrontados o contato com a vida.

Menti para resguardar minha cumplicidade com a resistência com a resistência travada à sombra do regime  conheço só de nome o Wladimir Palmeira. A  realidade era outra.

Na foto, Flávio Tavares era o mais magro e abatido de todos. Seu semblante denunciava as atrozes torturas que sofrera. Eu o conhecia do Rio de Janeiro.

Ao seu lado estavam outros conhecidos meus: José Ibrahim, Onofre Pinto, José Dirceu e Agonalto Pacheco. O primeiro como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, com gestos firmes, voz estridente, oratória pausada e sorriso largo meio triste. Onofre Pinto, encontreio no Restaurante Gigetto em São Paulo. Levemente gago e com os óculos folgados no seu rosto, que por trás de sua simplicidade, havia o comandante da VPR, organização mais odiada pelos órgãos de segurança. Zé Dirceu, conheci na Rua Maria Antonia, quando assumiu a presidência da União Estadual dos Estudantes. Alto, magro. sorriso largo e limpo. Agonaldo Pacheco eu conhecera na casa do professor médico José Martins Costa.

Viver é Perigoso 





MOMENTOS MÁGICOS


Viver é Perigoso

BALZAQUIANA



Nos ensinaram errado. Ainda menino, na Boa Vista, é claro, balzaquiana eram as mulheres solteiras, que passando dos trinta anos, provocavam ciúme nas da mesma idade, que já casadas e com filhos. A expressão tinha um certo sentido pejorativo.

Tirando os poucos que estão chegando agora, todos sabem que a expressão balzaquiana tem origem no livro "A Mulher de Trinta Anos", do notável escritor francês, Honoré de Balzac, nascido em Tours em 1799, e que tomou o barco aos 51 anos de idade, em Paris. 

Com o tempo, também se enquadraram na faixa "balzaquianas", as mulheres de 40 e até mesmo acima de 50 anos. 

Na obra mencionada, o autor descreve o drama da mulher mal casada, consciente da razão de seus sofrimentos e revoltada contra a instituição do casamento. Balzac foi o primeiro a retratar um romance onde a personagem feminina era uma mulher de trinta anos, idade considerada já madura para a época. O tema central do romance é a vida de Julia d’Aiglemont, que casa com Vitor, oficial do exército de Napoleão, que após anos de infelicidade, ao completar trinta anos encontra o amor verdadeiro, nos braços de Carlos Vandenesse.

Portanto, ao contrário do usado com frequência, balzaquiana não é sinônimo de solteirona.

Viver é Perigoso

PANE NO Nº 1

 

Viver é Perigoso

ELAS NO PODER



Nesta terça-feira, o México viveu um dia histórico sem exagero no adjetivo. A faixa presidencial foi colocada sobre um vestido marfim com bordados, o de Claudia Sheinbaum Pardo, a primeira mulher a alcançar a mais alta dignidade do país após 200 anos de República e depois de 65 homens, generais e civis, a precederem.

Para os poucos que estão chegando agora, Claudia Sheinbaum Pardo nasceu na Cidade do México em 1962, vinda de uma família judia secular. Seus avós emigraram na década de 1920 da Lituânia e de Sofia. É filha do engenheiro químico Carlos Sheinbaum Yoselevitz e da bióloga, professora emérita da Faculdade de Ciências da Universidade Nacional Autônoma do México.

Claudia Sheinbaum é Ph.D. em engenharia de energia e autora de mais de 100 artigos e dois livros sobre energia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Ela contribuiu para o Paine Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007.

Foi Prefeita da Cidade do México. Seu governo foi caracterizado por questões ecológicas e uma forte política social, criando infraestrutura (transporte para abrir os subúrbios, universidades, etc.) e distribuindo ajuda social nos bairros mais pobres. Em termos de segurança, a taxa de homicídios foi reduzida quase pela metade durante seu mandato.

Foi casada (1986/2016) com Carlos Gispert. Deste casamento tem uma filha Mariana, nascida em 1988 e madrasta de Rodrigo Ímaz Alarcón, nascido em 1982. Em 2023, Claudia Sheinbaum casou-se com Jésus Maria Tarriba, físico e analista de riscos do Banco do México.

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