Coisa de gente criada na Boa Vista. Admiração por aqueles que defendem sua pátria e a liberdade. Talvez com início nas histórias sobre Tiradentes ouvidas nos bancos do Grupo Escolar Rafael Magalhães.
Admirações, que mesmo, com total independentes de ideologia, costumam trazer complicações, como ter que responder às autoridades, pelo simples pequeno poster, copiado à mão e em papel impermeável, fixado no quartinho externo de estudos, do ex-presidente do Vitnã do Norte, Ho Chi Mihn, que expulsou do seu país, os franceses e depois os americanos.
Enorme admiração, selada pela leitura diária dos jornais, do líder africanos Patrice Lumumba, nascido no Congo Belga em 1925 e que teve uma curta e tumultuada carreira política, com valores anti-imperialistas, defendendo a solidariedade entre os povos da África para além dos limites de nação, etnia, cultura, classe e gênero. Foi a principal liderança na luta contra a dominação colonial belga no Congo.
Filho de uma família camponesa e com quatro irmãos, Lumumba nasceu numa aldeia chamada Onalua, em 1925, numa época a qual sua nação estava sob domíio colonial da Bélgica.
Recebeu educação rudimentar dos país, frequentou uma escola católica e aos 13 anos ingressou numa escola de metodistas suecos.
Para os que estão chegando agora, Lumumba foi eleito primeiro-ministro de seu país em 1960, mas ocupou o cargo apenas por 12 semanas, pois seu governo foi derrubado por um golpe de Estado liderado pelo coronel Joseph Mobotu. Foi capturado e assassinado em janeiro de 1961, com a participação (hoje comprovada), da Bélgica e dos Estados Unidos.
Preso sob vigilância das tropas da Nações Unidas, tentou fugir, mas terminou capturado, quando após tortura, foi fuzilado. Seu corpo nunca foi encontrado.
Aconteceu. Nos seus poucos dias de governo, seu país acabou-se aproximando da União Soviética, que enviou alimentos, remédios e também armamentos para combater o levante rebelde de seu rival Moise Tshombe. Recebeu o carimbo de comunista.
No início dos anos 2000, após a publicação do livro "O assassinato de Lumumba", a Bélgica criou uma comissão parlamentar, que apontou que o governo belga teve uma parcela de culpa e responsabilidade moral nos eventos que desencadearam a morte do líder político.
O governo belga pediu desculpas parciais para a família de Lumumba e para o povo da República Democrática do Congo. Depois de 53 anos do assassinato, o governo dos Estados Unidos reconheceu que o país se envolveu tanto na destituição política como na morte do líder africano.
Tétrico: No ano 2000, um ex-polícial belga, Gerard Soete, confessou a sua participação na execução de Lumumba e afirmou que os corpos do líder anticolonial e dos seus colaboradores foram dissolvidos em ácido. O ex-agente guardou um dos dentes, que permaneceu durante anos na posse da sua família na Bélgica como um troféu. Em junho de 2022, o procurador belga Frederic Van Leeuw entregou aos familiares de Lumumba uma pequena caixa azul que continha um dente — tudo que restou do herói assassinado — numa cerimônia transmitida pela televisão.
Por outro lado, a Universidade Russa da Amizade dos Povos, localizada em Moscou, fundada em fevereiro de 1960, passou-se a chamar em 1961, Universidade Patrice Lumumba.
Viver é Perigoso