Ainda dá tempo de você fazer a sua declaração.
Não basta acertar as contas com o Leão uma vez por ano e achar que está tudo resolvido; a vida exige acertos de contas que não têm cifras nem planilhas.
Não há prazos definidos e peremptórios para prestar contas íntimas. Não há lei que estabelece o tempo certo, senão o eco da consciência. Protelar nem sempre é uma boa escolha: acumula dívidas que pesam mais do que boletos. Os prazos da vida parecem eternos, mas vencem sem nos avisar, nos pegam de surpresa, às vezes tarde demais. Quando oportunidades são desperdiçadas e o tempo resolve não perdoar os atrasos, nenhuma multa absolve, nenhuma dedução alivia.
Declarações parciais ou seletivas não colam, não dá para tentar revelar só o que convém e se esconder por trás da parte que expõe, a vida não é rede social. Reconhece quando está diante de versões que inflam os créditos e robustecem o resultado. Não há como driblar a fiscalização da alma.
Também não adianta arredondar as vírgulas e as pontas agudas, mesmo que arranhe um pouco por dentro. Somos feitos de carne e de pele, que sabe cicatrizar e nascer mais resistente.
No fim das contas, a vida não quer saber de abatimentos que encurtam caminhos e economizam afetos. É o tipo de economia que custa caro, resseca as relações e desbota as cores mais vibrantes da vida.
E assim seguimos, auditores do próprio destino, preenchendo nossas planilhas secretas e arriscando investimentos, sem assessores para orientar. Tendo que escolher, além do melhor papel para aplicar nosso dinheiro, o nosso papel no mundo; além das melhores ações na Bolsa, os valores que movem nossas ações. O retorno nem sempre é imediato, os erros e acertos nos fazem ser o que somos.
A dica de ouro é manter uma carteira diversificada, não aplicar tudo só em um único tipo de investimento. Nunca se sabe as oscilações de fatores externos que abalam nossos maiores tesouros. E lembre-se: é muito bom ganhar, mas sempre há um tributo a pagar quando se ganha mais do que se doa.
No final, o que realmente conta é a coragem —coragem para ajustar rotas, para não deixar os amores se perderem, para enfrentar os custos emocionais sem avareza. Porque nesse campo, não existe restituição
Becky S. Korich
Viver é Perigoso