Capa do livro Eu, publicado em 1912.
Augusto dos Anjos nasceu no município de Sapé, na Paraíba em 1884. Poeta desde os sete anos de idade.
Formou-se em Direito pela Faculdade do Recife em 1907. Casou-se em 1910 com Ester Fialho. Tomou o barco em Leopoldina, Minas Gerais, em 1914, onde era diretor de um grupo escolar. Estava com apenas 30 anos.
Versos Íntimos é dos poemas mais celebrados de autoria de Augusto dos Anjos. Os versos expressam um sentimento de pessimismo e decepção em relação aos relacionamentos interpessoais.
O soneto foi escrito em 1912 e publicado no mesmo ano no único livro "Eu".
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Viver é Perigoso
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