"A paixão pela mentira: a família e as tiranias"
Paulo Schiller - Editora Todavia - 244 páginas
O fascínio pelo autoritarismo pode ter raízes na criação e nas relações familiares. Com o olhar de 40 anos de prática clínica, o autor e tradutor traça paralelos entre o que tem escutado no consultório e a ascensão de um encanto por regimes autocráticos no mundo.
Segundo ele, pessoas que passaram por alguma variante de humilhação na infância - como desamor, desrespeito e descuido - podem desenvolver a paixão pela mentira e pela violência.
O autor remete às discussões propostas por Theodor Adorno no livro "A personalidade autoritária", publicado em 1950 nos Estados Unidos. O autor vê o próprio livro como um endosso às ideias de Adorno, embora não conhecesse o trabalho até antes de começar o seu.
Nascido das cinzas do nezismo, o livro integrante da Escola de Frankfurt pretendia responder: o que leva alguém a se encantar por um regime fascista? Os autores partiram da ideia de que encontrariam nas histórias familiares as razões do fascínio por tiranias. Eles incluíram na pesquisa 2.000 pessoas do estado da Califórnia.
Como resultado, encontraram que os indivíduos que simpatizavam com esses regimes tendiam a idealizar as qualidades dos pais, o que combinava com traços de uma obediência inquestionável, um ambiente severo e um tratamento impessoal na infância. Ainda, entre os que manifestavam maiores tendências ao fascismo, a expressão de um moralismo excessivo, que exalta a família perfeital.
Segundo Schiller, a paixão pela mentira viria, então, das vivências precoces, das histórias familiares que abrigam as inverdades mascaradas, contadas por quem pretende que as coisas sejam diferentes do que são.
A obediência inquestionável aos pais, para ele, relaciona-se a um grau de submissão que está presente também na reverência a um líder tirânico. Essa figura se voluntaria, junto a guias espirituais, instituições religiosas e até alguns médicos e psicoterapeutas, na corrida pela detenção do saber o que é melhor para cada um de nós. Aqueles que se identificam com elas, portanto, tenderiam a ser os mesmos que não se acreditam capazes de tomar decisões próprias. "Como dizia Freud, é muito grande a tentação de encontrarmos um pai poderoso que sabe o que é bom para cada um de nós".
Em política, no passado, a mentira visava camuflar, ocultar, encobrir um fato, uma verdade. A mentira moderna visa invalidar ou destruir fatos ou verdades. Os fascismos usam a mentira de modo sistemático e deliberado. Muitos dos que se encantam por regimes antidemocráticos têm consciência das mentiras que sustentam tais regimes.
Extraído artigo Paulo Schiller - Folha
Viver é Perigoso
Um comentário:
3 cães..
um Americano um Polones e um Russo...
O Americano disse a eles; é só latir que trazem carne....
O Polones disse: Que é carne?
O Russo disse:
Que é latir?
Kkkkkkk
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