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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

MELANIA TE OLHA DE CIMA


É Melania que domina o horizonte. E isso ficou ainda mais claro com o seu retrato de primeira-dama, tornado público pelo Gabinete da Primeira-Dama na segunda-feira.

A imagem não tinha título, com poucas informações para além da data, da data e da autora, Régine Mahaux, a retratista de confiança da corte Trump. Mas tudo nela exala poder, confiança e frieza. Até as cores, os elementos e a imagem a preto e branco. Está frio na chamada sala oval amarela, cuja cor nunca vemos brilhar.

Traje escuro com uma faixa Dolce&Gabbana, camisa sem gravata, cabelo solto, nem uma única peça de joalharia (porquê adornar a realidade crua), o Obelisco atrás dela, Washington aos seus pés. 

Em cima de uma mesa espelhada (não se trata de uma mesa de trabalho: não há um único papel, lápis ou computador), a Primeira Dama dá a impressão de ser a senhora da cidade e do país, dos destinos daqueles que, invisíveis, seguem o curso das suas vidas por detrás daqueles vidros gelados.

Muita força e muito poder, pouco calor e pouca personalidade, o retrato poderia ter sido feito por Mahaux ou pela IA. Quão diferente dos retratos dos seus antecessores, mesmo do seu, há oito anos. Depois, demorou três meses a prepará-lo, com alguns retoques, mas mais natural, os seus anéis, o seu meio sorriso. 

Aqui, ela só precisou de 24 horas: foi a 21 de janeiro, o dia entre a tomada de posse do marido e o seu 20º aniversário de casamento. Parece que não havia tempo a perder para publicar a fotografia, para gritar com a boca fechada e o cenho ligeiramente franzido: aqui estou eu, por cima da Sala Oval; ele está lá, por baixo, mas aqui quem manda sou eu.

Melania Trump quer que a vejamos servindo, como uma mulher que se expõe como poderosa, executiva, vestida com um terno que até algumas décadas atrás só os homens, aqueles que tinham mais poder, usavam? 

Qual é a narrativa de uma ex-modelo, uma mulher há anos dedicada ao físico, que tem uma manicure absolutamente perfeita, com as unhas a um milímetro da mesa, mas que esqueceu, escondida? Suas alianças de noivado e casamento? O que significa mostrar atrás dela um país que não é o dela, mas no qual ela tem uma influência poderosa, e uma cidade que, pelo que se sabe, ela despreza, sob seus pés? 

Ali, na torre mais alta, como é difícil ver e saber o que a Sra. Trump quer nos dizer.

EL País

Viver é Perigoso

3 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhosa.

Anônimo disse...

Pode olhar de qquer jeito.😍

Anônimo disse...

Categoria é categoria.
Por aqui, o dinheiro tira a pessoa da merda mas não tira a merda da pessoa 🤔