Translate

quinta-feira, 20 de março de 2025

DEU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Cristina Pizarro - Casa Sebo da Cris

 Entenda como a internet reinventou o mercado de livros usados no Brasil. Estante Virtual e redes sociais afetaram modelos de negócios dos sebos a nível estrutural.

Ambos testemunharam um rearranjo de forças radical com a chegada dos marketplaces, isto é, plataformas que conectam compradores a vendedores. E, mais recentemente, ambos passaram a ser cada vez mais diretamente influenciados pelas redes sociais —vide, no caso dos livros novos, o fenômeno do BookTok.


...Foi por meio do Estante Virtual que Cristina Pizarro, moradora de Itajubá (MG), montou o Casa Sebo da Cris, por volta de 2011. Ela, que é formada em fisioterapia, mas trabalhava administrando franquias ao lado do marido, conta que passou cinco anos vendendo livros de casa.

"Percebi que estava meio demais quando o carro começou a ficar fora da garagem para os livros ficarem dentro", relembra. Ela alugou um ponto para servir de estoque mas, três anos depois de abrir o espaço, em 2020, veio a pandemia. Ela então voltou para casa e, em 2022, oficializou sua garagem como a Casa Sebo da Cris após uma obra.

Pizarro afirma que, como o lugar fica na ladeira de uma área residencial, há poucos clientes, o que permite a ela conciliar eventuais atendimentos com seus negócios em marketplaces. Hoje, além do Estante Virtual, estes incluem Amazon, Mercado Livre, Americanas, Shoptime, Submarino e até Shoppee.

Pizarro também aluga seu espaço para atividades das mais diversas, que incluem saraus, oficinas de artes manuais e até um cineclube. Com isso, tornou-se uma espécie de centro cultural não oficial de Itajubá, história que se repete com vários sebos situados fora das grandes cidades do país.

A livreira afirma que esses eventos ajudam a reforçar o vínculo direto com seus clientes. Segundo ela, hoje 40% de suas vendas são feitas diretamente para eles, via Instagram e WhatsApp.

Embora eles ainda estejam à mercê das súbitas mudanças de algoritmo dessas plataformas, a comunicação direta com o cliente que elas viabilizam é um incentivo forte para que os livreiros continuem lá.

A maioria deles diz não temer pelo futuro do setor, no entanto. Afinal, eles dizem, seus produtos são únicos. Às vezes literalmente.

Folha de São Paulo (20/3/2025)

Viver é Perigoso

Nenhum comentário: