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quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

MENINOS EU VI

 


Sob o título "MENINOS, EU VI", o engenheiro e cronista itajubense Edson Riera publicou recentemente um texto no qual relata encontros que podem nos ocorrer com ídolos ou com pessoas que admiramos. Citou alguns casos, inclusive um ocorrido com ele próprio e sua "moça bonita" Sonia Maria Noronha.
Todos nós estamos sujeitos a passar por instantes semelhantes e nossas reações podem oscilar entre a naturalidade ou a perda momentânea da fala.

Desde então me pego, vez por outra, resgatando os meus casos pessoais.

Minha lista está grandinha, tanto de encontros ocasionais como os previsíveis quando, por exemplo, vamos a show de nossos ídolos.

Edson Riera me desafiou pedindo um relato de situação similar que eu tenha vivido.

As lembranças vieram, umas já se foram, mas o desfile continua com pessoas muito diferentes, tanto do mundo artístico, com as quais cantávamos no rádio ou com a telinha da TV e até com personalidades internacionais.

Que mistureba de momentos inesquecíveis consegui resgatar, alguns impactantes e outros decepcionantes!

Para não misturar "alhos com bugalhos" vou escolher para hoje um completamente inesperado que aconteceu quando minha mãe, meu irmão , cunhada e eu buscávamos assistir a um rotineiro evento na cidade de Londres. Falo da troca da guarda da rainha à frente do Palácio de Buckingham, a qual hoje, devidamente, devemos dizer Guarda do Rei.

No já longínquo julho de 96, nós nos colocamos no portão para assistir à marcha ensaiada e ritmada dos soldados de vermelho e chapéu de pêlo preto de urso canadense de quase meio metro de altura. Impressionante a tamanha disciplina com que se movem, não dá para lhes flagrar nenhum piscar de olhos, quiçá um sorriso. Dizem que a multa que pagam por um possível deslize pode também lhes custar o emprego tão prestigiado.

Mas então, esse ritual é repetitivo, sem inovações, mas naquele dia a multidão de curiosos esteve bastante exagerada e fomos surpreendidos por um cortejo que saiu, de repente, dos fundos do palácio para ganhar a rua. E quem vem dentro, sentado no banco de trás do icônico carrinho preto? Nada mais, nada menos que NELSON MANDELA, carinhosamente acenando para a multidão.

Como estávamos coladas ao portão, o tchauzinho e sorriso vieram exatamente para o nosso lado. Levei um susto, retribuí automaticamente o aceno e só depois de uns instantes foi que me dei conta de que o olhar foi para nós (kkkk) devido à proximidade com a qual ele passou, favorecida pelo desaceleramento do carro antes de desfilar vagarosamente pela praça e ir para não sei onde.

Fotos? Só temos do tempo de espera, da grade ainda vazia. Vídeo? Também não temos, mas os aplausos ecoam ainda na memória . Não ouvi nenhum grito do tipo: - Dá-lhe, Mandela! Ou "Viva!", apenas palmas.

Mais tarde, pela TV, tive a confirmação de que quem nos acenou carinhosamente tinha sido o ativista que lutou contra o rigoroso Apartheid na África do Sul.

Hoje o Google nos possibilita conferir com exatidão a data desse evento, para mim inédito , e ainda publica o discurso que Mandela fez no Parlamento. O YouTube também o exibe.
E eu, como boa mineira, mato a cobra e mostro o pau. Seguem aí umas fotos, parcas provas de nossa passagem por Londres naqueles dias. Servem para garantir que essa narrativa não é conversa para boi dormir.

Ao Edson Riera, a quem chamo de polímata, devido à vasta cultura e por transitar tão naturalmente pelos temas da Ciência e das Artes, no blog Viver é perigoso, agradeço a oportunidade de contar esse meu "causo" e de reavivar minhas lembranças . Agora, aguente, virão outros relatos, outros textões.

Quem mandou revirar o baú?

Lúcia Helena Carneiro

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...

Vou ir lendo por parte...aff