quinta-feira, 23 de julho de 2020

SOB A LUZ DE VELAS


"A qualquer instante,
Todos os sólidos se dissolvem, nenhuma roda gira,
E os fatos não tem duração -
E quem sabe se é por desígnio ou pura inadvertência
Que o Presente destrói sua herdada presunção "

W. H. Auden

Viver é Perigoso

2 comentários:

  1. BLUES FÚNEBRE
    Detenham-se os relógios, cale o telefone,
    jogue-se um osso para o cão não ladrar mais,
    façam silêncio os pianos e o tambor sancione
    o féretro que sai com seu cortejo atrás.

    Aviões acima, circulando em alvoroço,
    escrevam contra o céu o anúncio: ele morreu.
    Pombas de luto ostentem crepe no pescoço
    e os guardas ponham luvas negras como breu.

    Ele era norte, sul, leste, oeste meus e tanto
    meus dias úteis quanto o meu fim-de-semana,
    meu meio-dia, meia-noite, fala e canto.
    Julguei o amor eterno: quem o faz se engana.

    Apaguem as estrelas: já nenhuma presta.
    Guardem a lua. Arriado, o sol não se levante.
    Removam cada oceano e varram a floresta.
    Pois tudo mais acabará mal de hoje em diante.

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