terça-feira, 4 de dezembro de 2012

ALEGRIA DE ESTAR VIVO

 
A vida nos dá histórias inefáveis...
No início deste 2012 estava eu de passagen em Lisboa, com um grupo de amigos.
O frio era congelante. Com uma garrada de Touriga nacional do Alentejo, caminhamos até a lindíssima Praça do Comércio, margens do Tejo.
O sol estava se pondo e, de algum modo, parecíamos todos maiores do que realmente éramos. A sensação de integridade e a avassaladora alegria de estar vivo, que perpassou aquele momento, é inesquecível.
Quando olho para trás e tento imiscuir-me nos sentimentos que permearam meu coração naquela tarde, só resta concluir que, de fato, somos do tamanho que queremos ser.
Creio que ser feito à imagem e semelhança não significa que Ele talvez tenha alguns fios da minha barba ou parte de meus ralos cabelos; que compartilhamos aparências.
O privilégio de ser como Ele, na minha concepção, passa por esses dias em que nos sentimos como gigantes invencíveis, simplesmente por estarmos vivos, respirando e felizes.
Passa pelo fato sermos imensos, universos imensuráveis em cada coração, em cada mente, em cada pensamento e decisão que tomamos, por menores que pareçam...

"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia"
 
Laissez Faire

3 comentários:

  1. Texto bonito (até para a leitura de um ateu, como sou).
    O poema citado é que nao tem nada a ver.
    Caieiro é o mais materialistas anti-idealista dos heteronimos de Pessoa.
    Tanto que ele nem considera um Rio que ele não pode ver, por não passar em sua terra.
    Citar Caieiro num texto que fala Dele é bumbada na pausa feia.
    Ofende a Caieiro e a Ele (que - para mim - são duas belas obras de ficção).
    PS: O censor vai cortar, mas - antes de cortar - vai perceber a injustiça da censura.

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  2. Anônimo,

    você tem toda razão quanto a Caieiro.
    No entanto, talvez não tenha notado que a "ação" citada no texto se passou nas margens do Tejo.
    A poesia, com efeito, é tão-somente uma homenagem despretensiosa ao locus da "descoberta". Justamente por isso não integra a estrutura do texto, não faz com ele liame ou a ele dá baldrame.
    Não fosse isso, peço um pouco mais de seu tempo para algumas linhas de elucubração.
    Noto que sua leitura da poesia de Pessoa é de uma segurança cartesiana. No entanto, vejo como um chute - um bom chute - mas sempre um chute.
    Com todo respeito (por favor, não me julgue negativamente), a alma do poeta não se afere com olhos cirúrgicos, mas sempre a partir da junção dela com a alma do leitor.
    Não tenho a mínima pretensão de esclarecer o que sentia Pessoa (Caieiro) ou o que sentem seus leitores quando suas poesias são lidas e relidas.
    O resultado é único, somos todos intérpretes orginais, não há uníssono.
    A cada leitura exsurge uma nova poesia, emergem novos sentimentos, soçobram antigas crenças.
    Sei que é ateu e respeito sua opção, construída a partir de um direito fundamental do homem.
    Mas nesses casos, excepcionalmente, é preciso ler além do texto. É preciso reconhecer o espírito!


    Saudações poéticas e obrigado pelas observações!

    Laissez Faire

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  3. Que nivel, é aqui? Onde estamos? Tem sorvete?

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